Sepulturas na Igreja?

À primeira vista pode parecer estranho entrar pelos átrios do Convento do Carmo e dar-se de cara com enormes lápides. Há muitas delas espalhadas pelo pátio principal. O próprio reitor do Convento costuma dizer que seus habitantes lhe fazem companhia...
Como explicar este vasto cemitério no Convento, já que Igreja é lugar de celebrar a vida? Até quase o final do século XIX não existiam cemitérios. A pessoa morria e era enterrada nos fundos de sua casa. Uma pequena cruz era colocada no lugar e fim de história.
Alguns, no entanto, preferiam ser enterrados em lugares especiais, caso dos pátios das Igrejas. No geral, eram pessoas mais abastadas, nobres, (...), que faziam generosas doações para as igrejas. Entendiam que ali era um território santo. Era muito comum os templos religiosos possuírem um cemitério particular.
Na verdade, morte e vida sempre estiveram interligadas na história da Igreja Católica. Após a morte de Cristo, o medo fez com que os primeiros cristãos se reunissem para orar nas antigas catacumbas. A morte, para eles, era somente uma passagem para a vida eterna.
Há pouco tempo, descobriu-se que o altar principal de uma das capelas do Vaticano foi construído sobre um antigo cemitério, onde se crê que Pedro, o primeiro Papa, tenha sido enterrado.
Com a criação dos cemitérios públicos e cristãos, todos os restos mortais existentes no Carmo foram transladados. Conservam-se apenas algumas lápides, entre elas as dos irmãos Teixeira de Carvalho, descendentes de Gonçalo Pires Pancas, ilustre benfeitor da Ordem Carmelita. Todas elas vazias.
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O Carmelita - agosto/setembro/2003

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